A "profecia" está mais próxima de ser cumprida: "acabar com o planeta". O Grêmio está na final do Mundial de Clubes e a 90 minutos, caso não haja prorrogação, de conquistar o campeonato mundial. Na tarde desta terça, noite nos Emirados Árabes, o Tricolor, num sufoco, num jogo nervoso, precisou da prorrogação para derrotar o Pachuca. Everton, num belo lance, após jogada com Cortez, aos 4 minutos do primeiro tempo da prorrogação, marcou o gol que garantiu o Grêmio em Abu Dhabi, sábado, para enfrentar Real Madrid ou Al Jazira.
O elenco, afinado, cumpriu à risca a ordem do comandante. Para chegar à final, tem que passar pela semifinal. E foi isso que o Grêmio fez. Não foi nem de longe uma atuação primorosa. Pelo contrário. O Grêmio teve dificuldades para encaixar o seu jogo, a sua troca de passes e chegada com vários jogadores na frente. Nenhum gremista esperava que seria fácil, mas também nenhum imaginava que seria tão sofrido e complicado. O Pachuca fez um enfrentamento duro com Grêmio. Impediu a progressão em alta velocidade do time de Renato Portaluppi com faltas, algumas delas, bem duras. É verdade que o Tricolor também facilitou a marcação mexicana. Michel e Ramiro tinham dificuldade em trocar passes com Luan, que foi marcado em todo canto que ia, e Fernandinho. O Grêmio chegou em lances de bola parada. Aos 16 minutos, Edílson bateu ao seu estilo: forte e com efeito. Por muito pouco não encobriu o goleiro Óscar Pérez. A outra "chance" ocorreu aos 40, também de falta.
Fernandinho, pela direita, mandou com veneno. Passou perto. Do lado mexicano, o japonês Honda teve duas oportunidades. Nas duas, Cortez foi o salvador tricolor. Aos 27 minutos o atacante recebeu na entrada da área. Quando ajeitava o corpo para o chute, Cortez, como um foguete surgiu para afastar. A segunda fez a torcida gremista fechar os olhos. Aos 45, os mexicanos trocaram passes e Honda avançou área adentro. Ele preparava o arremate e Cortez, de novo, apareceu e com o bico da chuteira afastou.
O Grêmio tentou iniciar o jogo apertando a marcação do Pachuca. Dificultar a saída de bola. Óscar Pérez saía com chutão ou com o zagueiro duro - Murillo. O Tricolor parecia que iria dominar rapidamente a partida. Logo aos 5 conseguiu um escanteio. Barrios cabeceou desajeitado e para fora. Na sequência, lance pela esquerda. Cortez tabelou com Michel. O cruzamento para dentro da área saiu fraco e ficou fácil para o zagueiro do Pachuca. Os mexicanos se apresentaram aos 8 minutos num chute de Honda. Grohe só acompanhou. O lance parece ter dado ímpeto aos "tuzos". Eles conseguiram sair de trás e avançar suas linhas. O Grêmio seguiu com dificuldade de articular o contragolpe e passou a deixar a defesa exposta. Kannemann levou amarelo. Geromel afastou outras. Grohe, de soco, evitou que a bola ficasse circulando pela área. O Pachuca encontrava espaços atrás dos volantes gremistas. Com isso chegava para os cruzamentos com alguma tranquilidade e sem pressa. Ficava com a bola.
Numa saída errada do goleiro mexicano, aos 17, Luan tabelou com Fernandinho. O craque gremista acabou batendo em cima do companheiro na entrada da área. Luan apareceu novamente aos 29. Fez um lançamento primoroso para Ramiro. O meia arrancou, chegou na frente, mas ele acabou errando o desvio para o gol. Fernandinho, aos 37, arrancou pela esquerda em alta velocidade. Ele cruzou para dentro da área, mas ninguém o acompanhou. A partida seguiu tensa, estudada e dura até o apito final.
Segundo tempo
Na segunda etapa, parecia, tal como no primeiro que o Grêmio iria apertar os mexicanos. Mas, errando passes, o Pachuca foi se aproximando da área de Grohe. Aos 10 minutos, numa saída errada de Jaílson, Urretaviscaya avançou e chutou colocado. Grohe espalmou. Renato mexeu em busca de uma alternativa de força e bola áerea. Jael entrou no lugar de Lucas Barrios. A entrada deu vigor ao Grêmio. Luan, de fora da área, mandou no cantinho. Óscar Pérez defendeu. O Tricolor seguiu empurrando os mexicanos para trás. Eles tiveram uma chance aos 14 minutos. Michel errou uma saída de bola.
Honda, sempre ele, invadiua a área, quando Geromel cortou. Num cruzamento de Edílson, Jael cabeceou em cima de Pérez. Em outra chegada pela direita, outro cabeceio de Jael. Luan se aproximou da área e passou a incomodar os zagueiros mexicanos. O técnico uruguaio fechou ainda mais a equipe e deixou tudo por um contra-ataque. Aos 24, numa boa troca de passes o Pachuca chegou na cara de Grohe. Na demora em finalizar, Geromel afastou. Preocupado com os erros de passes e a falta de ritmo de Michel, Renato mandou Everton para o jogo. Luan e Fernaninho passaram a arriscar mais.
O Grêmio foi acertando a marcação e passou a assustar os mexicanos. Aos 27, Luan pegou a bola, tentou o giro e foi derrubado. Na cobrança, aos 29, Edílson mandou no cantinho. Passou pertinho. Goleiro fez golpe de vista. A equipe mexicana, com a bola, vinha forte com lances pelo alto. Aos 34 Urretaviscaya cruzou da direita. Guzman cabeceou firme. A bola foi, foi, foi e acabou saindo. Um sufoco. Respirou o torcedor. Aos 41, Fernandinho mandou um chute forte. Escanteio. Na cobrança, Jael, aos 41, desviou de cabeça e a bola bateu em Luan. O craque gremista não conseguiu dominar. O jogo ganhou contorno dramático. As equipes se cuidando e tentando um contra-ataque mortal. Que não aconteceu.
Prorrogação
O Tricolor saiu pressionando. Marcando em cima. O Pachuca respondia com chutes de fora. Numa jogada pela esquerda, Cortez cobrou lateral em velocidade e tocou para Everton. Ele dominou, invadiu a área e mandou no ângulo. Não deu para o "goleirinho" mexicano Pérez. O relógio marcava 4 minutos do primeiro tempo. Os mexicanos, sem outra alternativa, foram ao ataque. Abusaram de bolas altas. O Grêmio passou a esperar o Pachuca. Fechava os espaços e tentava um contragolpe com Everton e Fernandinho. Aos 11, um susto. Luan perdeu a bola no meio. Geromel, o capitão américa, fez o desarme de forma limpa e precisa. Luan, aos 13, arrancou e foi driblando. Abriu a jogada para Everton, que devolve. A defesa do Pachuca fez o corte.
Os últimos 15 minutos no estádio Hazza bin Zayed, em Al Ain
Grêmio saiu para matar. Mais soltos, Everton e Luan chamaram o jogo. Trocando passes no campo de ataque, encontravam espaços. Leo Moura, aos 2 minutos, tocou para dentro da área. Antes de Jael chegou o zagueiro do Pachuca. O Pachuca não desistia. Seguia, quando com a bola, rodando e incomodando na frente da área. Guzman recebeu o cartão vermelho. Mais espaço em campo. Ramiro, aos 6, tocou para Jael, mas o atacante estava impedido na hora do arremate. Seguia a equipe do Pachuca tentando pelo alto. Segura e firme, a defesa gremista, afastava. Seguia o sufoco, o nervosismo. Para fechar a casinha, Renato colocou Rafael Thyere e tirou Fernandinho. Sem mais bola áerea para levar perigo. Sem mais tempo. Sem segurar a emoção: Grêmio na final do Mundial em Abu Dhabi.
Ficha técnica
Grêmio (1)
Marcelo Grohe; Edílson (Léo Moura), Pedro Geromel, Kannemann e Bruno Cortez; Jaílson, Michel (Everton), Ramiro, Luan e Fernandinho (Rafael Thyere); Lucas Barrios (Jael).
Técnico: Renato Portaluppi.
Pachuca (0)
Óscar Pérez; Martínez, González, Murillo; García (Sagal), Hernández, Aguirre (Erick Sánchez), Urretaviscaya (Germán Cano), Guzmán e Honda; Jara (Robert Herrera).
Técnico: Diego Alonso.
Gol: Everton, aos 4 minutos do primeiro tempo da prorrogação
Cartões amarelos: Kannemann, Ramiro, Hernández, Jael.
Cartão vermelho: Guzmán.
Árbitro: Felix Brych (Fifa/Alemanha).
Local: Estádio Hazza bin Zayed, em Al Ain (Emirados Árabes Unidos).
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